terça-feira, junho 05, 2007

Cai o Pano

É o fim da linha. Lantuna fecha aqui, definitivamente, as suas pétalas, este que foi um laboratório de exercício de jornalismo digital... poderia alegar falta de tempo e outros desafios assumidos, mas na verdade a paixão esmoreceu a dada altura da caminhada. A todos que algum dia clicaram esta página e que com ela estabeleceram uma ligação esporádica ou regular, foi um imenso prazer compartilhar convosco... Matilde

domingo, outubro 29, 2006

Um escravo cabo-verdiano no Texas

Deambulando pela Net, encontrei este artigo de José dos Anjos, no jornal Cabo Verde Online, intitulado “Capeverdean slave in Texas” (Escravo cabo-verdiano no Texas).

Dos Anjos conta a história do escravo José António, considerando que “ilustra a ligação entre os Estados Unidos e Cabo Verde através da escravatura”. O autor também sublinha que muitos outros escravos cabo-verdianos foram levados para o México.

José António terá nascido no Congo e, aos três anos de idade, foi capturado e submetido à escravatura. Segundo o artigo que citamos, em 1738 ele terá sido enviado de Cabo Verde para Veracruz, uma cidade do México. “Ele foi vendido e comprado por cinco vezes. Seu quinto dono foi o Sargento Major Manuel Antonio San Juan Jaquez de Valverde”.

A partir daí, Dos Anjos descreve o percurso de José António. O artigo foi escrito com base num manual escolar de Quintard Taylors,professor de História na Universidade de Washington, que pode ser consultado aqui.

Quebrando o silêncio (II): Cinema Pobre

O Cineclube Amazonas Douro propõe para Novembro e Dezembro a realização do Projecto O Cinema Pobre em Cabo Verde, entre 24 de Novembro e 15 de Dezembro, na cidade da Praia. O Cineclube é representando por Zenito Weyl, mais conhecido como Carpinteiro de Poesia e de Cinema.

O projecto irá mostrar filmes, em diferentes mostras temáticas, e ainda realizar uma oficina de audiovisual, que terá como resultado a realização de um filme curta-metragem no suporte digital. Este filme será exibido no último dia do certame, 15 de Dezembro. A oficina será dirigida a pessoas de todas as idades e não se exige experiência prévia na área.

O projecto pretende ainda provocar a instalação de um Colectivo Praia de Cinema, para pensar e fazer cinema na capital. “É um intercâmbio afro-luso-brasileiro, que visa estimular o desenvolvimento do Cinema em Cabo Verde, através de uma Oficina, cujo resultado será a realização de um filme colectivo, que será veiculado em cadeia de televisão internacional, bem como e a criação de um grupo de produção e realização audiovisual em Cabo Verde, o que, necessariamente, dará visibilidade à cultura cabo-verdiana, preenchendo uma lacuna no campo audiovisual local”, pode-se ler no comunicado do projecto, assinado por Weyl.

O projecto integra várias mostras, entre os quais filmes exibidos no Douro Filme Festival, o I Concurso Internacional de Cinema Super-8 Milímetros do Porto, realizado na cidade do Porto, Portugal, entre os dias 19 e 27 de Agosto de 2006. O Cinema Pobre em Cabo Verde é uma parceria do Cineclube Amazonas Douro com o Centro Cultural Português, o Centro Cultural Francês, a Universidade Jean Piaget e o grupo Papiarte, sob a coordenação de Francisco Weyl e Ricardo Leite.

Veiga fica

Manuel Veiga deverá reassumir o cargo de Ministro da Cultura, em Janeiro de 2007, segundo o jornal A Semana, na sua última edição. Veiga está em franca recuperação do ataque cardíaco que sofreu há exactamente dois meses. No dia 20, o ministro da cultura enviou uma carta de agradecimento a todos os que o apoiaram durante a recuperação: "contem sempre comigo nas azáguas do amor e da vida". A missiva está publicada no Blog Albatrozberdiano.

sábado, outubro 28, 2006

Jornalista tem Opinião?

Há dias, recebi um Comment de um anónimo, acerca do meu envolvimento (que ele considera anti-ético) com certas causas sociais. Na perspectiva deste Anónimo, eu deveria ter ficado de bico calado, num respeito silencioso pelo Código Deontológico do Jornalista – que, aliás, nunca foi aprovado em Cabo Verde.

É estranho que, como jornalista, insistas em fazer juízos de opinião que, ao fim e ao cabo, vão levantar suspeição na tua actividade profissional, em termos de isenção e de boa fé. Assim como não é normal um juiz parodiar com o arguido ou julgar o próprio filho, assim também o jornalista, mesmo não sendo neutro, terá de ter reservas, discrição e isenção. A isso chama-me deontologia, Matilde. A noção de certas incompatibilidades...”

Mas antes de ir ao cerne da questão, gostava de esclarecer ao Sr. Anónimo de que há, sim, um jornalismo de opinião, que é necessariamente diferente do jornalismo informativo. Caro anónimo: o jornalista não é caixa de ressonância e muito menos um menino-de-recados. Ele pensa e interage com o meio. A objectividade é um mito há muito derrubado. Como disse, e bem, Claudio Abramo, um grande jornalista brasileiro, jornalista tem opinião ( # achismo) sim senhor.

A posição que considera o jornalista um ser separado da humanidade é uma bobagem. A própria objectividade é mal-administrada, porque se mistura com a necessidade de não se envolver, o que cria uma contradição na própria formulação política do trabalho jornalístico. Deve-se, sim, ter opinião, saber onde ela começa e onde acaba, saber onde ela interfere nas coisas ou não”. Claudio Abramo

O jornalismo não pode ser isolado do meio social em que é exercido. O jornalista não deve ser um profissional autista. Um país como Cabo Verde, que ainda procura registar seu percurso histórico, que ainda tece os primeiros passos da sua democracia, o jornalista tem sim um papel a desempenhar e não poderá divorciar-se da sua realidade. Denúncia, Sr. Anónimo. É preciso denunciar irregularidades, é preciso denunciar abusos, é preciso, sim, mais do que nunca, contribuir para um país mais justo.

Pergunto eu: Eugénio Tavares deveria, então, ter permanecido no silêncio, no tempo do colonialismo? Se seguissem a lógica do Sr. Anónimo, Eugénio Tavares e Pedro Cardoso nunca teriam denunciado a condição degradante dos emigrantes forçados para São Tomé, nunca teria denunciado as restrições do Governo Português à emigração cabo-verdiana para os Estados Unidos. A isto se chama jornalismo com causa, longe da conivência e do autismo.

Como exemplo da minha “alegada” falta de ética profissional, ele indica a minha crítica sobre a política do audiovisual – neste ponto, o tal Anónimo sublinha que o Ministério da Cultura era o patrocinador dos programas que eu fazia na TCV. Afinal? Deveria então ficar calada porque o MC era o patrocinador? Eu defendo sim o ilhéu como um património de todos nós que urge ser preservado. Eu defendo sim uma mostra de cinema documental, num país onde os espaços de cinema e audiovisual fecham as portas. Eu defendo sim uma política para o audiovisual, para que haja uma produção local. Eu defendo como jornalista, como cidadã, como cabo-verdiana. Ao contrário de muita boa gente, que prefere ficar mudo, cego e anónimo.

Mas gostei do tom paternalista com que este respeitável Anónimo escreveu a sua mensagem – gostei, porque lembrou-me o meu pai, que não vejo há muitos anos. Por isso, e por ter manifestado a sua opinião, agradeço.

Matilde Dias, jornalista

Silêncios (VII): Teatro na Praia



Já não se faz teatro na Praia? A resposta é sim, sei que o Fladu Fla e o Cena Aberta estão a ensaiar peças novas... mas e os outros grupos? Agora, só se faz teatro em Março ou para o Festival Mindelact?

Fotu: Em Linha Recta

quinta-feira, outubro 19, 2006

O blog do OIÁ


O OIÁ - Mostra Internacional de Cinema Documental, com sede no Mindelo, entrou na onda dos blogs e criou seu cyber-espaço. Aqui, poderá encontrar a programação da Mostra e conhecer melhor a Fou-Naná Projectos, a associação que está por detrás do Oiá.

Silêncios (VI): Mi(ni)stério da Cultura



Confesso que esperava para ontem, dia Nacional da Cultura, o anúncio do novo Ministro da Cultura. Mas o primeiro-ministro, José Maria Neves, não aproveitou a ocasião para esclarecer o que já é um grande mistério. Até agora, só especulações, algumas com rasgos de coscuvilhice, e nada de um debate sério. Pior: nada de pressão por parte da “comunidade artística”.

Meus senhores: se fosse o Ministério das Finanças, da Saúde ou da Justiça, o Governo demoraria tanto tempo assim para se decidir? Estamos há um mês e meio nesta expectativa. Recordo que, no dia 8 de Setembro último, o site do Governo publicava uma notícia em que garantia o seguinte:

A sua substituição (de Manuel Veiga) só terá lugar daqui a duas semanas, e José Maria Neves deu a entender que o nome do novo titular já está escolhido, faltando apenas os contactos necessários para a sua substituição, designadamente a comunicação ao Presidente da República que irá ausentar-se do país durante uma semana”. Até agora, nada.

Qual é a real importância que o Governo de Cabo Verde dá ao sector da Cultura? Porque os agentes culturais não fazem pressão para que se saia deste impasse? Ou será que este país não precisa de um responsável político para o sector da cultura?

Mais: será que o titular já foi escolhido ou José Maria Neves ainda está à procura do substituto de Manuel Veiga? Será que, à semelhança do que se passa com a Televisão de Cabo Verde, ninguém quer dar o corpo ao manifesto?

Fotu: "At the MoMa", de Miguel Mealha

segunda-feira, outubro 16, 2006

Saudades do Aulil


Deambulando pela NET, após meses de esterilidade blogueira, reparei, com um misto de espanto e tristeza, que o blog mais interessante da nossa esfera virtual está vazio. Literalmente. O Aulil, do Rui Guilherme, está completamente despido de conteúdo. Apenas se encontra o sidebar, com links e o e-mail do autor. O que não deixa de ser uma pena, sendo o Aulil um ponto de leitura obrigatória para quem gosta do que de mais fino se produz em termos de escrita virtual, a partir de temas cabo-verdianos. Por onde andarás?

sábado, outubro 14, 2006

Quebrando o silêncio (I): Oiá

Outubro, Novembro e Dezembro prometem ser meses interessantes, em termos de cinema e audiovisual. Para já, de 20 a 29 de Outubro, acontece o Oiá, Mostra Internacional de Cinema Documental do Mindelo. O certame, promovido pela Fou-Nana Projectos, já vai na segunda edição.

Através de mostras, debates e oficinas, pretende-se despertar o interesse pelo cinema documental, do ponto de vista da formação de um público e do estímulo à produção. Por isso, a Fou-Naná dirige-se à comunidade escolar, de todos os níveis de ensino, como o público-alvo da Mostra.

Este ano, além da projecção de uma dezena de filmes infantis, do Brasil, a grande novidade é a apresentação de quatro filmes de realizadores cabo-verdianos. O que não deixa de ser significativo, num deserto de produções cinematográficas como é o caso de Cabo Verde. Há duas estreias: No Mar de Alcatraz, um documentário de Mário Benvindo Cabral, realizador natural da Praia, sobre o naufrágio do catamarã Golfinho I, ocorrido em Fevereiro no temido mar de Alcatraz; e Bitu, filme de Leão Lopes, sobre o artista plástico Bitu, tendo como pano de fundo a produção artística e contemporânea no Mindelo.

Os outros dois filmes são : To Beef or Not to Beef, um curta de Yuri Évora Ceuninck, cabo-verdiano natural de Santo Antão, actualmente residente na Praia; e Batuque: a alma do Povo, o primeiro documentário de Júlio Silvão, realizado sob os auspícios do Africa DOC.

O Oiá deve ainda ser apresentado na Praia e na comunidade de Lajedos, em Santo Antão. Na capital, em Novembro, acontecerá uma mostra documental do CCF, com filmes e tertúlias, e ainda O Cinema Pobre de Cabo Verde, uma mostra produzida por Francisco Weyl, Carpinteiro da Poesia e do Cinema.

sexta-feira, outubro 13, 2006

JJJJJJJJAAAAAAAAZZZZZZZZZZZ



Na segunda-feira, amantes do jazz têm um encontro marcado com o Trio Sylvain Sourdeix, no Tabanka Mar, às 22h. É o programa Jazz na Cidade/Jazz dans la Ville do Centro Cultural Francês da Praia. A partir de agora e até Março, o CFF irá brindar o público praiense com concertos mensais de trios e/ou quartetos de Jazz, oriundos da francofonia.

Sylvain Sourdeix despontou nos principais clubes de jazz de St-Germain
des Prés, nos finais dos anos oitenta, ao lado de pianistas como Alain-Jean
Marie e bateristas como Aldo Romano. Sourdeix tornou-se um dos mais prestigiados solistas saxofonistas do circuito franco-brasileiro de jazz.

Após uma digressão pelo Brasil, o jazzman francês apresentou-se em concerto ao lado de nomes como João Gilberto, no Festival de Vienne. Posteriormente, tocou, em Nova Iorque, ao lado do saxofonista soprano Branford Marsalis e, no Festival de Colónia, na Alemanha, com o pianista Kenny Kirkland. Sourdeix também já fez espectáculos com os Kassav e o cantor Claude Nougaro. Integrantes: Sylvain Sourdeix (flauta e saxofone), hilippe Petit (órgãos) e Jean-Luc Lopez (bateria).

Paladron di testu y fotu: CCF

Silêncio (V): politica para o audiovisual



A política governamental para o audiovisual para o cinema? Ninguém vê, ninguém escuta e ninguém fala disso. Simplesmente, porque nunca aconteceu. Está lá, bonitinho, no programa do Governo para 2001-2005…e mais nada.

O desenvolvimento e o bem-estar já não podem dispensar o que o audiovisual hoje põe ao serviço do homem. O Cinema, nesse campo, merece um olhar muito atento, não se descurando a necessidade de criação de um organismo, ligado ao Ministério da Cultura, que faça a promoção da criação cinematográfica, audiovisual e multimédia. Tratando-se de um fenómeno cujo impulso, em Cabo Verde, é ainda recente e exige avultados meios para investimento, o Governo da VII Legislatura estará atento à dinâmica nacional e à experiência transnacional no sentido de adoptar o modelo organizacional que melhor se adapte e que melhor sirva os interesses do País e nos potencie para novos mercados e novas plateias. Enquanto estivermos à procura desse modelo, o Governo não deixará de contribuir: para a formação dos produtores e dos artistas; para a criação, em joint-venture, de espaços de produção e divulgação do audiovisual; para o estímulo em matéria de incentivos, de legislação e de protecção da propriedade intelectual”.

Reparem que, apesar exaltar os benefícios do cinema para a (in) formação do homem cabo-verdiano, o actual Governo escuda-se na questão financeira para se alienar das suas responsabilidades nessa matéria – e fica “atento”, o que equivale a permanecer mudo, surdo e cego para qualquer iniciativa nos domínios do cinema e do audiovisual. O pior é que o programa do Governo enaltece a cultura como “alma da nação e factor de desenvolvimento”. Puro exercício de retórica, principalmente quando sublinha a necessidade de "criação" de um organismo para promover o cinema em Cabo Verde. Criar? E que tal reactivar?

Quanto mais leio este trecho do programa do Governo, mais penso que isto tudo me soa como um recado. Parece que os nossos governantes escreveram esta treta toda, como se eles não fossem também responsáveis pela concretização desta política.

Fotu:

quinta-feira, outubro 12, 2006

Silêncios (IV): Cinema no Sal

O Cine Cize, em Santa Maria, na ilha do Sal, tem os dias contados. Segundo a última edição do jornal A Semana, a edilidade salense vai vender as acções que detem na sociedade que explora o Cine Cize. Não tarda nada, vamos ter algum empreendimento turístico por ali....

Além de Santiago e São Vicente, o cinema no Sal está a morrer. Enquanto isso, pipocam hoteis. Para os nosso decisores políticos, desenvolvimento é concreto e corta-fitas. E a pessoa humana? O recado que vem dos poderes públicos é claro: o cabo-verdiano precisa de Panis Et Circenses e Txau! Vamos continuar a engolir?

"O cinema é um fator de aprimoramento humano. "Um país sem cinema é como um povo sem eletricidade. É uma volta à barbárie". Rogério Sganzerla, cineasta brasileiro (1946-2004).

quarta-feira, outubro 04, 2006

Silêncios (III): Kasinu na Djeu


Tanto se falou no projecto de 100 milhões de David Show o Ilhéu de Santa Maria. Depois, o Governo calou-se... devem ter descoberto o evidente... hoje, recebi um mail do arquitecto Nuno Marques, coordenador do movimento em prol da preservação do Djeu...às tantas, ele escreve "Entretanto, desde princípios de Agosto que temos razões para crer que o negócio em causa não irá adiante". Misterioso...

Silêncios (II): Cinema na Praia


Cinema na Praia? Só em DVD e no conforto do seu lar...

Silêncios (I): Lantuna


Guentis: Lantuna staba kaladu ma komu é tenpu di txuba...

segunda-feira, maio 22, 2006

As Badias



Um ensaio do arquiteto Pedro Gregório, sobre as badias. Um trabalho feito em 1957, publicado um ano depois no Suplemento Cultural, primeira edição. Obrigado ao Pedra Bika pelas imagens...

terça-feira, maio 09, 2006

Uma frase infeliz

"As cantoras da pequena ilha de Cabo Verde disputam para suceder a Cesária Évora. Após dois anos de carreira, Mayra Andrade, nome pronunciado por todos, surge como a favorita". In MondoMix

De onde vem este apetite em "encontrar" uma sucessora para Cize? Além disso, é colocar nos ombros de uma jovem cantora, que hoje lança o seu primeiro disco, um desafio que ela própria pode não querer. A cada um, o seu próprio percurso, que deve valer por si.

Quando esta conceituada revista francesa diz que as cantoras cabo-verdianas estão a "disputar" pelo lugar de sucessora de Cize, dá uma ideia, a meu ver errada, de que, em termos de intérpretes, estamos amarrados a uma única voz. Explica-se: Cesária Évora é a bandeira da música cabo-verdiana no mundo, Europa particularmente. Mas uma publicação como a Mondomix, deve consultar outras fontes antes de soltar frases como esta.

Autocrítica

sexta-feira, março 31, 2006

Seminário-liceu de S. Nicolau



Seminário-Liceu de S. Nicolau, fundado em 1866, encerrado "às pressas" em 1931, para albergar os deportados da metrópole, em consequência da Revolução da Madeira, iniciada em Abril de 1931.

Eva


Eva é o nome do novo romance de Germano Almeida. A obra, editada pela Caminho, será lançada a 5 de Abril, em Lisboa, por ocasião do 10º aniversário do início das emissões regulares da RDP-África. A apresentação da obra, a cargo da jornalista Leonor Xavier, terá lugar no auditório da Fundação Cidade de Lisboa, no Campo Grande.

Uma mulher e três homens constituem o núcleo duro deste novo romance de Germano Almeida. A história arranca nos anos 60, em Lisboa, transfere-se para Cabo Verde após a independência e termina em Lisboa numa longa investigação às origens.

Que motor impulsiona estes personagens? “O que move estes homens é a paixão por Eva, a busca tenaz e persistente que cada um deles desenvolve para a fechar na sua própria teia. Mas qual o motor que faz mover Eva? Isso, em última instância, não saberemos nunca. Não o sabe o próprio autor, que nos dá neste livro um dos mais fascinantes personagens da sua já longa e bem povoada galeria de retratos”, anuncia a Editorial Caminho, no seu site.

Germano Almeida nasceu na ilha da Boavista, Cabo Verde, em 1945. Aos 18 anos deslocou-se para Lisboa, onde se licenciou em Direito na Universidade Clássica. Exerce actualmente a advocacia em São Vicente. Tem um antigo gosto pelo jornalismo e pela literatura, sendo co-fundador da revista Ponto & Vírgula, do jornal Aguaviva, de que é co-proprietário e director, e da Ilhéu Editora, além de colaborador do diário Público.

Autor que retrata a vida pública e privada cabo-verdiana através da ironia e da sátira, Germano Almeida tem mais de uma dezena de livros publicados, o mais conhecido dos quais será O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo, lançado em 1991.

Foto: Adan & Eva, de Luís Fitch

terça-feira, março 28, 2006

Os rostos e os objectos da cidade


É assim que Tchalé Figueira vê a cidade: em constante transformação. Tanto produz quanto desperdiça. Do seu ponto de observação, o artista plástico vê rostos, fisionomias, traços de gente.
“Pinto máscaras, reflexo de pessoas que (re) crio observando o grande laboratório que é a cidade onde vivo. Rostos humanos, mais a alma do que a fisionomia, servindo a pintura como uma metáfora cromática”, afirma Tchalé. Nesta mostra, o criador abre mão das grandes telas. Em “Retratos”, Tchalé regista num conjunto de obras de pequena dimensão, de cerca de 25cm.

São obras compostas através de técnica mista, em que a tinta entra em fusão com vários objectos reciclados, nomeadamente maletas, cigarros, caixas de sabão. Aqui, a reciclagem adquire valor simbólico. “Utilizar o lixo – marca contemporânea do primeiro e segundo mundos, e transformá-lo em arte, associando-lhe mensagens políticas e de cidadania. Sem ter a pretensão de mudar o Mundo, crio, no entanto, a minha perspectiva de o ver e partilho-a com outros”.

A exposição Retratos e Objectos será inaugurada no dia 6 de Abril, às 18h30, no Instituto Camões/Centro Cultural Português da Praia.

Era uma vez, na ilha de Tamarindo...

De Tamarindo, ilha imaginária de Cabo Verde, chega-nos a história de Pinok, um menino crioulo com fama de muito mentiroso. O relato de uma amizade entre homens e animais que acaba por salvar a ilha, semeando solidariedade.

“Pinok e Baleote” é a obra que revela esta estória fantástica, pelas mãos de Miguel Horta, um pintor português que gosta de palavras e de pessoas. Além da pintura, Horta dedica-se à promoção do livro e da leitura e em educação pela arte.

A paixão por Cabo Verde levou-o a escrever o seu primeiro livro, um romance juvenil com o qual pretende promover a multiculturalidade e a integração dos imigrantes em Portugal, especialmente os cabo-verdianos.

O livro, foi lançado esta semana na Associação Moinho da Juventude, na Cova da Moura. Miguel Horta afirmou que o livro será lançado na Associação Moinho da Juventude com o intuito de «ajudar as crianças cabo-verdianas com dificuldades de aprendizagem na leitura». Alem disso, é uma forma de se associar ao “movimento de requalificação” do Bairro Cova da Moura, na Amadora.

Segundo o autor, a paixão por Cabo Verde nasceu quando visitou pela primeira e única vez o país, em 1979, ligação que se manteve até hoje através da colaboração com a comunidade cabo-verdiana em Portugal.

O livro contém algumas expressões em crioulo que no fim são esclarecidas através de um glossário com o seu significado e o respectivo equivalente em português.
Miguel Horta realizou a sua primeira exposição individual, intitulada Pinturas de uma Viagem a Cabo Verde, depois de regressar daquele país, em 1979.

A sua obra é regularmente exposta em Portugal e na Europa, tendo já surgido na Fundação Mário Soares, em Lisboa, ou no Kisceli Museum, em Budapeste.

quarta-feira, março 22, 2006

O primeiro do mundo


O Museu da Língua Portuguesa foi inaugurado esta semana, em São Paulo, no Brasil. É o primeiro museu do mundo a dedicar-se à língua. O português é o idioma que inova em matéria de museologia. Língua com cerca de 200 milhões de falantes, espalhados por oito países.

A Fundação Roberto Marinho e o Governo do Estado de São Paulo são os mentores deste museu, que convida à reflexão sobre o português e, por esta via, da própria história dos povos que se exprimem nesta língua, entre os quais o cabo-verdiano.

O Museu da Língua Portuguesa ocupa as antigas instalações da Estação da Luz, uma das principais da cidade de S. Paulo, com um movimento diário de 300.000 pessoas, e um dos cartões de visita da cidade, esta construída em 1901. A cidade de São Paulo foi escolhida para albergar o museu também porque reúne a maior população de falantes da língua portuguesa no mundo, actualmente mais de 10 milhões de pessoas.

O Museu da Língua Portuguesa ocupa três andares da Estação da Luz, numa área total de 4 mil 300 metros quadrados, o que representou um investimento de 14 milhões de euros. A fase de projecto e de construção do museu reuniu 30 especialistas em língua portuguesa.

Para aceder, virtualmente, ao Museu, clique aqui. Se procurar por informações sobre Cabo Verde, encontrará cinco textos, transcrições de entrevistas a cabo-verdianos, no âmbito do projecto Projeto Português Falado, da Universidade de Lisboa, coordenado por Maria Bacelar. As entrevistas foram recolhidas em 1995.

quinta-feira, março 09, 2006

Sobre Identidades em Trânsito

Paladron di fotu: UCM
Em 2004, a pesquisadora brasileira Daniele Ellery esteve em Cabo Verde para recolher entrevistas e informações para a sua tese de mestrado, Identidades em Trânsito, sobre estudantes cabo-verdianos e guineenses participantes do Programa Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), no Brasil. Ellery esteve aqui acompanhada do cineasta Márcio Câmara, autor do documentário Escadinha da Rua 162, exibido no Festival Imargens 2005, na Praia.

"Identidades em Trânsito é resultado da pesquisa que venho desenvolvendo desde 2002 com A primeira pesquisa foi na graduação em Ciências Sociais. A perspectiva teórica perspectiva era: identidade e nação ressignificadas em contexto de deslocamento. Hoje, no mestrado, o trabalho tem o objetivo de verticalizar a pesquisa e analisar também como o PEC-G pode aproximar esses países ao Brasil, seja em relação à cooperação internacional do ponto de vista comercial e também cultural, observando o impacto dessa formação para os países de origem dos estudantes e para o Brasil", explica Ellery.

Em dezembro de 2004, a pesquisadora e o cineasta estiveram na Guiné-Bissau e em Cabo
Verde, durante um mês, para entrevistar os quadros profissionais que se formaram no Brasil e que estão inseridos no mercado de trabalho naqueles dois países. A partir desta colecta de dados no terreno, Daniele Ellery escreveu a sua dissertação de mestrado e Márcio Câmara está a produzir um documentário em filme sobre o mesmo tema, Identidades em Trânsito.

"O filme trata das experiências por que passaram essas pessoas no Brasil, as mudanças ocorridas, a ressignificação dessas identidades em processo de deslocamento e em contato com outras visões de mundo. Aborda a saída, a chegada, a adaptação e o retorno dos quadros aos seus países de origem, a re-inserção na família, sociedade, mercado de trabalho e relações
internacionais com o Brasil", afirma Ellery. O filme deve ser lançado ainda este ano, no Brasil, Guiné-Bissau e Cabo Verde.

Konfison na Finata

Kaka Barbosa, escritor cabo-verdiano, lançou em 2003 a obra poética Konfison na Finata, com o selo da Editora Artiletra.

Uma obra poética que começa por expor um poema longo, dividido em 45 partes, a que o autor chama de finatas – um simbiose de serenata com finason. Na segunda parte, a obra contém outros poemas, nomeadamente uma ode a Santa Catarina e um konbersu Sabi, género poético típico de Santiago, que expõe tradições desta ilha em forma de versos rimados.

As 45 finatas desta obra de Kaká Barbosa são um hino à nação cabo-verdiana, uma odisseia do cabo-verdiano, desde a descoberta das ilhas, a formação do povo, da língua e da cultura cabo-verdiana, com todos os seus elementos de identidade, até aos dias de hoje.

No lançamento da obra, Kaká Barbosa chegou a dizer que Konfison na Finata é um livro para gerações futuras. Uma obra de vanguarda? Só poderá concordar, ou não, quem ler o livro.

Sobre o autor, vale dizer que Kaka Barbosa nasceu em S. Vicente, filho de pais foguenses, e cresceu na Assomada, a cidade que elege como terra mãe. Reconhecido músico e compositor, Barbosa é poeta e escritor, com obras publicadas em crioulo, nomeadamente Vinti Xintidu Letradu na Kriolu, Son di Virason e Konfison na Finata. Em português, publicou Chão Terra Mai Amo e ainda Cântico às tradições, uma colectânea de contos tradicionais.
Desde 27/11/2004